quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os filmes

Frequentava a mesma locadora sempre, para ele a melhor do bairro, a única opção quando se tratava de filmes opostos aos blockbusters. Era atendido pela mesma garota sempre, para ele a melhor da cidade, diferente por saber deixar, com muita classe, uma ponta de interesse subentendida na relação entre cliente fiel e atendente educada e prestativa. Num domingo, porém, a ressaca sobressaiu-se a vontade de vê-la, e ele então ligou para pedir alguns filmes: Asas do Desejo e Fantasmas de Marte. Tudo como de costume até os tais chegarem. Não eram os tais. Ela sabia do seu gosto e resolveu substituí-los por outros, tentando, com isso, trazer à tona suas intenções. Não por acaso, os filmes contavam histórias de amores platônicos, não resolvidos, irrealizáveis. Esse gesto ao estilo Amelie Poulain ele achou incrível, de uma sensibilidade fora do comum... estava claro que não era idealização apenas... aquela garota era sim especial. No dia seguinte tomou coragem e ligou para a locadora a fim de falar com o gerente, de dar um feedback positivo, aquele era um fato notável. A garota foi demitida.

2 comentários:

Léo Puglia disse...

Maneiro o conto, CJ. Inspirado em fatos reais?

CJ disse...

Em alguma medida sim... o desfecho que foi inventado!