segunda-feira, 18 de março de 2013

Confessionário

o som assume
sua culpa em formas quentes

enquanto bocas
expulsam redemoinhos
hélices atingem galáxias

braços de ventilador
cortam prédios em pedaços

destroços de pão
se espalham sob a mesa

para pássaros

domingo, 17 de março de 2013

Guerra

no calor dos corpos
circulam átomos
brancos como pandeiros

na matéria do dia
se espalha cheiro
de cerveja e rancor

a atmosfera conecta
corpo e cobertor
sonhos em rede

cangas na praia
pés camuflados de areia

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Untitled

open space
for the unpredictable

open the outer space
with a blow
and watch the color
of the impossible

make you blind.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Iguais após

a escada do morro
rolando ladeira abaixo
pra fazer do carnaval
suor

fundido na matéria do asfalto
enquanto na areia bonecas
piscam mamilos para o sol

tambores lançados nas mãos
dos colonizadores

lança-perfume pra afastar
a fantasia de quem bebe
o mar de ressaca

no dia seguinte água
são todos assim

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Ouro e fúria

o que surge no horizonte
após a linha se torcer
se curvar e fazer do mar
um abraço

são multidões
que aplaudem o espetáculo
ar
tentando pegá-lo nas mãos
mantendo desejos guardados

em seus pulmões
até que o grito se cubra de ar
e se vista de dentes

pois que no bolso resta guardada
a cor dourada

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Lugar sem nome

uma peça no tabuleiro
da camisa xadrez rasgada

um tiro
que ativa o peito e os olhos ficam verdes
de energia

como um pião o corpo gira sobre si
um buraco é aberto no solo
o mundo absorve a si mesmo